Relatórios da Polícia Federal, com base na quebra de sigilos telefônicos do primeiro escalão da organização criminosa desarticulada nesta terça-feira (19), apontam que o ex-secretário Nilton Borgato (PSD) atuava junto com a doleira Nelma Kodama, Marcelo Mendonça de Lemos, que é membro da facção do PCC e Cláudio Rocha Junior, na aquisição de drogas e introdução na Europa.
A informação consta na decisão da Justiça da Bahia, qual a reportagem teve acesso, e que autorizou a Operação Descobrimento, deflagrada pela PF da Bahia. A investigação começou logo após a apreensão de mais de 500 kg de cocaína em um avião particular no Aeroporto Internacional de Salvador em fevereiro de 2021.
Consta que o grupo estava bem estruturado e contava com um primeiro escalão, sendo que cada membro desempenhava uma atividade. Como já divulgado pela reportagem, o lobista Rowles Magalhães atuava como uma das lideranças, ele e Ricardo Agostinho organizavam os voos internacionais entre o Brasil e a Europa para a prática do tráfico.
Ricardo, por sua vez, que é sócio de Rowles em diversos negócios, comprou uma empresa de jatos executivos portugueses. Depois, a PF destaca a participação do ex- secretário Nilton, de Nelma e de Cláudio Júnior, que eles seriam “responsáveis pela aquisição da droga dos respectivos fornecedores e pela sua introdução na Europa”.
Índio
Apelidado de Índio dentro da organização criminosa, o ‘nome de guerra’ de Borgato já vinha sendo citado nas conversas, mas ele ainda não tinha sido identificado. PF apontou ainda que houve encontros entre Índio em Rowles, em Cuiabá, onde segundo as mensagens, o primeiro exercia cargo de Secretário Estadual. Os encontros aconteciam ao lado do Hotel Paiaguás.
A identidade do Índio foi descoberta no dia em que o voo dele foi cancelado e Rowles mandou um print da conversa deles para outro contato e na foto, aparece o ex-secretário Nilton Borgato. Para não cometer nenhum equívoco, os policiais passaram a investigar o então secretário com autorização legal.
O ex-prefeito de Glória D’Oeste era chamado de Índio dentro da organização criminosa – como consta nas mensagens que a PF teve acesso. Consta ainda que há vários encontros entre Rowles e Índio, em Cuiabá, em um local ao lado do Hotel Paiaguás.
Quando o avião com a droga foi apreendido em Salvador, Nilton e Rowles chegaram a brigar por mensagens de texto. O lobista acusou o ex-secretário de “estar associado a Kodama na contratação da aeronave”. Ricardo reforçou ao lobista que a doleira ligou para ele por vídeo e que ela estava junta com Índio – relatório traz vários prints das conversas entre Índio e Ricardo.
Pedido ao TRF 1 Em razão do cargo que ocupava quando passou a ser investigado, a Justiça remeteu os autos do processo para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região para que se pronunciasse sobre a competência do juízo. Foi analisado e os autos foram retornados para a 2ª Vara da Bahia, para que o processo voltasse a tramitar por lá.
Outro lado
Em nota encaminhada à imprensa na noite de terça-feira (19), a defesa do ex-secretário Nilton, patrocinada pelo advogado Luiz Alberto Derze, afirmou que Borgato nega com veemência as imputações que circulam na imprensa. A defesa está tomando ciência do inquérito para adotar as providências jurídicas cabíveis.
Por Gazeta Digital